terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Como se formam as pérolas

Para o poeta, a pérola é uma lágrima do mar; para os orientais, é uma gota de orvalho solidificada; para as senhoras, é uma jóia de forma oval, de brilho hialino, de matéria nacarada, que usam no dedo, ao pescoço ou nas orelhas; para o químico, é um composto de fosfato e de carbonato de cal com um pouco de gelatina de mistura. Finalmente, para o naturalista, é uma simples secreção doentia do órgão que produz o nácar em alguns moluscos.

A definição de pérola acima é um trecho do livro 20.000 Léguas Submarinas, de Júlio Verne, talvez a melhor já escrita. A pérola é a mais antiga pedra preciosa do mundo e há milhares de anos são usadas como jóias e representam um símbolo de poder, mas elas vêm de uma simples impureza que adentra no interior das ostras, o que é quase uma antítese da natureza.

A presença de um corpo estranho, como um grão de areia, no interior da ostra é para esta muito irritante, como processo de defesa ela envolve a matéria em uma substância nacarada que se calcifica e isola o corpo do seu organismo. Várias camadas dessa substância formam a pérola. A cor e o formato do corpo estranho interferem nas características da jóia, bem como o tempo em que permanece no interior da ostra e condições ambientais.

Há basicamente dois tipos de pérolas, as naturais e as cultivadas. A diferença é que na pérola cultivada há um processo de inseminação da impureza por meio de cirurgia. Em seguida o molusco é recolocado no mar – ou em outro ambiente, já que também existem as pérolas cultivadas em água doce – onde permanecerá por um período de 3 a 20 anos. Os japoneses foram pioneiros no cultivo de pérolas e até hoje dominam esse mercado.

Na aventura de Júlio Verne ele cita ainda um drinque de pérolas ingerido por Cleópatra. O fato é registrado pelo historiador romano Plínio. A rainha do Egito Cleópatra teria ofertado um farto banquete ao militar romano Marco Antônio, a monarca derreteu duas pérolas que usava como brinco e as bebeu em uma taça. Ainda segundo Plínio, o custo da dose serie de 60 milhões de sestércios, cerca de 20 milhões de reais.

"–Lamento não ter me casado com essa tal dama."
Personagem de 20.000 Léguas Submarinas se referindo a Cleópatra logo após ouvir sobre o banquete de pérolas.

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