No século XVI o povo da Alsácia, no nordeste da França, cultivava um hábito que parecia ser exclusividade dele, até então. Todos os anos, durante o período natalino, as pessoas mantinham pequenos pinheiros garridos em salões e mercados. Daí surgiu a árvore de Natal moderna, mundialmente conhecida. Hoje o pinheiro natalino movimenta uma grande indústria e é aceito quase como unanimidade nos países de tradição cristã. Mas a princípio, sofreu bastante resistência.
Primeiramente os chefes de estado de Alsácia, temendo o desmatamento em grande escala das florestas na região, decretaram o banimento da derrubada de pinheiros. Mas o costume já havia caído no gosto popular e o decreto foi em vão, as pessoa mantiveram o hábito. Os chefes de estado mudaram de estratégia e estipularam o tamanho aproximado do pinheiro a ser derrubado: 2,4m. Em 1600, um novo decreto dizia que a árvore deveria ser adornada com maçã e hóstia, simbolizando, respectivamente, o pecado e Cristo.
Antes de Cristo, romanos já adoravam árvore em rituais religiosos, nórdicos fariam o mesmo séculos mais tarde. Devido à origem pagã, a Igreja cristã, em parte, não teve boa receptividade para com os pinheiros de Natal. Em 1642, na cidade de Estrarbugo, o pastor Conrad Danhauer condenou o uso da árvore de Natal, alegando ser “idolatria e construção da capela do Diabo ao lado da igreja”. Também não foi Danhauer que impediu o crescimento da tradição cristã. Em 1785, os paroquianos de Estrasburgo mudaram o teor de suas palavras, e alertaram que “em cada ramo e galho em que se pendurar brioches, anjos, animais, todos devem estar em perfeita harmonia com as folhas da árvore”. O hábito de cultivar a árvore de Natal começou a expandir-se.
Na Inglaterra, dois admiradores do costume foram a rainha Vitória e o príncipe Alberto, que mantinham o hábito desde 1841. Em 1861, em luto pela morte do amado, a rainha Vitória cessou a tradição. Só voltaria a praticá-la 29 anos mais tarde, em memória do falecido. Os monarcas ingleses ajudaram a propagar o costume natalino.
Em 1818, o coroinha austríaco Joseph Mohr escreveu a letra de Noite Feliz, um hino não oficial do Natal, e seu pianista, o maestro Franz Gruber, compôs a música. A canção tinha uma mensagem fácil de ser entendida pela população, ao contrário das músicas ortodoxas, em latim. O arranjo foi feito exclusivamente para violão, uma das versões diz que os autores receberam a ordem de não desafinar o órgão da igreja; para evitar o pior, não fizeram uso do instrumento. Noite Feliz já foi traduzida para 330 línguas e dialetos. Seu tradutor no Brasil foi o Frei Pedro Sinzig, e sua versão mais conhecida é cantada por Simone.
Durante a Primeira Guerra Mundial, os ímpetos da batalha foram temporariamente arrefecidos pelo espírito natalino. Soldados ingleses e alemães cantaram Noite Feliz em volta de uma árvore de Natal, trocaram fotos, presentes e jogaram futebol. Os refugiados da guerra na América trouxeram a tradição para o Novo Continente. Em meados do século XX, o pinheiro, típico de clima frio, chegou também aos países americanos tropicais, como o Brasil.
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